24 de março de 2009

Ricardo Ayade: vários em um só



Ricardo Almeida Ayade nasceu em Salvador no dia 28 de novembro de 1983. Por 14 anos, morou a 365km da capital, no município baiano de Jequié, terra do premiado poeta e compositor Waly Salomão – que teve músicas gravadas por Gal Costa, Caetano Veloso, entre outros nomes consagrados da MPB . Com a família toda ligada às artes, Ricardo Ayade não teve muito como escapar. Mãe e irmã artesãs, irmão músico, pai poeta. Ele então misturou os talentos herdados e é hoje o multiartista Ricardo Ayade. Ator, cantor, escritor, compositor e roteirista sempre em atividade. Aos 25 anos, Rick, como também é chamado pelos amigos, tem seis curtas no currículo, participações em novelas e programas de TV, comerciais e peças de teatro.

No começo de tudo as coisas pareciam que não iam funcionar. No início de sua busca pela carreira artística Ricardo participou de um grupo de teatro, no segundo grau, que não vingou. Fazia faculdade de Administração, mas queria outra coisa: Artes Cênicas. E conseguiu. Ao mesmo tempo, fez curso de teatro e assim que terminou, trocou a estabilidade pelo sonho ao largar um emprego público no Tribunal de Justiça de Jequié e foi para o Rio de Janeiro. “Não pensei muito. Eu tinha uma conhecida que ia para o rio. Ela me deu o telefone de uma pensão em Copacabana. Consegui uma vaga e comprei a passagem. Minha mãe quase enfartou. Meus amigos disseram que eu estava louco por largar um emprego público”, conta.

Quando chegou ao Rio, em 2006, Ricardo Ayade fez um espetáculo de esquetes na Cobal do Humaitá, reduto gastronômico e cultural da Zona Sul carioca. Ele conta que recebia os roteiros das cenas de comédia e: “Achava tudo muito sem graça. Pensava que se eu não dava risada, ninguém daria. Mexia no texto todo, apagava tudo e fazia de novo. Por incrível que pareça, os roteiristas adoravam e achavam super engraçado”, conta, aos risos. Foi aí que ele descobriu uma nova aptidão. “Percebi que poderia escrever roteiros”.

Ayade tem vários roteiros de curtas na gaveta, segundo ele, doidos para ganhar vida. Um desses roteiros foi rodado no final de 2008 com a participação do ator Maurício Mattar. O filme “E aí?" conta a história de um homem que tenta se desligar da máfia. “Existe um projeto para que esse filme vire um longa”, conta Ricardo.

Ayade atualmente está trabalhando no roteiro de um longa-metragem ainda sob sigilo. Ricardo também está envolvido na produção e vai fazer parte do elenco de um outro longa, uma co-produção Brasil-Polônia, que deve ser rodado em 2010. “Não posso falar muita coisa agora, mas será um filme cristão. Muita gente boa está envolvida na produção. Uma equipe americana de ponta virá ao Brasil para as filmagens”, afirma Ricardo, empolgado com o projeto.

“Também tenho planos de rodar outros dois curtas ainda em 2009”, declara. Suas atividades no Cinema não encontram descanso. Quando não está escrevendo, Ricardo está filmando. E é o que vai acontecer nos próximos dias, quando ele interpretará um policial torturador.

Saindo da tela e indo para os palcos, o “multi” Ayade assina três peças de teatro. “Os animalistas”, “Os humanistas” e “A volta”. Esta última, em fase de pré-produção, é um musical livremente inspirado na parábola do filho pródigo, a história bíblica de um filho que saiu da casa do pai, arrependeu-se e voltou. “Desde criança eu leio a Bíblia e essa história sempre me chamou atenção porque mostra o amor incondicional de um pai pelo seu filho e o poder do perdão".

O incansável Ayade também se prepara para lançar o seu primeiro livro de contos pela editora Multifoco, até o fim de maio. “O livro está em fase de produção. São contos sobre histórias do cotidiano de pessoas que eu conheci em filas de banco, ponto de ônibus e também de personagens fictícios, inspirados em amigos.”

Além de cinema, teatro e literatura, Ricardo Ayade se dedica à
música. “Canto desde os seis anos de idade. Meus pais tocam violão. Eles tinham um barzinho na Bahia. Quando eu era pequeno fazia sucesso cantando João Gilberto, Maria Bethânia. Minha família é muito musical. Por ser baiano, cresci ouvindo Gal, Gil, Caetano”. Outras grandes influências na carreira musical de Ricardo Ayade são: Tom Zé, Zeca Baleiro, Novos Baianos, Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Zé Ramalho, Elomar, Xangai e Geraldo Azevedo.

Ayade Começou a compor suas próprias músicas, profissionalmente, e logo essas composições viraram 13 músicas. “Quatro delas foram gravadas em janeiro de 2009 em um estúdio de um amigo em Jequié, na Bahia”. Duas músicas estão disponíveis na internet pelo site www.myspace.com/rickayade. “Vou me jogar” e “Cachoeira”. Os arranjos são de Márcio Borges, que trabalhou com Val Martins, do grupo Yahoo, sucesso nos anos 80.

Como Ricardo Ayade consegue fazer tanta coisa ao mesmo tempo? “Acho que estou ficando neurótico”, brinca.